Certo!
Quem não tem mais do que esse "acabar de ter recebido uma formação nisso" irá, certamente, ficar-se por quase-repetir aquilo que lhe foi ministrado (e, mesmo assim, talvez até um pouco aquém, por não ter conseguido processar e integrar tudo nos seus mapas mentais), não denotando amplitude de conhecimentos e prática, e sem acrescentar grande mais-valia, quando o que se pretende é dotar os formandos de competências "de agora" e potencialidades "de depois". É que, quando trabalhamos dentro da nossa área, evoluímos com ela (a menos que nos desleixemos); quando assim não é, não que seja impossível, mas é muito menos provável e, decididamente, as hipóteses de estarmos a dar formação com insuficientes capacidades aumenta.
Repito: não que eu (isto é uma mera hipótese) não pudesse ser melhor professora de Português do que um licenciado em Português, mas... E sabê-lo? Sou eu que o sei? Não sou. São vocês que o sabem, só de me ouvir falar ou ler o que escrevo? Também não. Serão os meus alunos? Não me parece. Quem?...
Daí que o facto de se ter aprofundado estudos e experiência relevante em determinada matéria, não sendo um dado totalmente seguro, será, até ver, uma boa pista. Pelo menos, até que tenhamos boas avaliações de desempenho. Todavia, é mesmo só um dado, num contexto em que jogam muitos outros, sim!
Ana: no entanto, não tem que ser, obrigatoriamente, a área académica "oficial" a ditar as tuas escolhas. Formação de Formadores, por exemplo, é coisa que ministras independentemente da tua formação de base. Mas - lá está - dar formação de formadores sem a ter, é que não me parece muito aceitável. No caso em concreto, confesso que fico dividida: se te consideras uma boa utilizadora de informática, não vejo por que não devas doar os teus conhecimentos a quem deles precisa (é tudo uma questão de consciência real do teu valor). No entanto, julgo que, a haver quem domine melhor a temática, seja quem o deva fazer. Como perguntas se podes ou não fazê-lo, a resposta é: podes! I.e., se a instituição aceitar, não há nada que o impeça.
Um exemplo prático: o meu pai é técnico de electrónica, óptica e mecânica de precisão. Tem o 5º ano, e o que faz foi aprendendo, ora frequentando formações, ora porque trabalha nisso desde garoto, sendo que conhece de trás para a frente a evolução que a tecnologia sofreu, em especial a digital. Aqui há tempos, uma escola secundária convidou-o para lá dar umas formações e, durante todo esse tempo, ele foi, claro, o "docente" menos habilitado no que concerne a habilitações académicas. Acontece, porém, que não havia mais ninguém capaz e disponível para explicar àqueles jovens os mistérios da tecnologia satélite. Donde, justificou-se que os alunos aprendessem com quem sabia. É possível, no entanto, que também ganhassem eu ouvir alguém com uma abordagem menos empírica e mais científica (talvez); mas acredito que aqui valeu a pena. Já se ele fosse um curioso, não teria valido!
Mas enfim... São opiniões. E não deixa de ser um bom tema para nos pôr a discutir, né?
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Boa sorte e um abraço,
Madre