O problema em denunciar uma entidade que não paga, é que esta dispensará os serviços do formador por se sentir "atraiçoada". Como sabemos os prestadores de serviços são meros contribuintes que descontam do seus honorários 21,5%, mas que nem direito a subsídio de desemprego têm -pelo menos não é compatível com aquilo que pagamos de IRS e contribuições para a segurança social.
O problema é de tal forma profundo e mexe com tantos interesses, que regra geral as pessoas optam por não mexer para não cheirar mal. Facilmente seria solucionado porque as escolas públicas também dão formação em CEF e profissionais e contratam fora do regime de prestação de serviços, pagando mensalmente. Julgo até que facilmente se faz as contas e se percebe que em prestação de sevriços o formador fica mais caro à entidade...
Muitas das entidades privadas de formação têm "gulosos" a geri-las, acabando por sugar tudo e esquecer que os formadores são seres que comem, têm família e contas para pagar. É uma vergonha, conhecida por todos. É o reflexo de um país de gente mal formada.
Pior do que ficar meses a fio sem receber, é quando, acrescentando a isto, têm diretores que são funcionários da empresa/ entidade formadora (e para a chefia passam por bons funcionários) que humilham constantemente os formadores por aceitarem horários ou formações noutros locais (refletindo-se em diminuição da carga horária ou horários com furos ou formação no início da manhã e depois ao fim da tarde), exigindo justificações de faltas (quando simplesmente houve uma troca entre formadores), em reuniões diz que o interessa é pagar aos formandos o resto é paisagem, entre outras misérias e os formadores nada podem fazer.
Como se vê, a denúncia de situações irregulares pode ter diversas consequências na vida das pessoas. Julgo que será por isso que os formadores nem chegam a hesitar entre denunciar ou não. A decisão de não denunciar é tomada mesma antes de se pensar em fazê-lo.
Há políticos que devem saber desta miséria e até nos aconselham a emigar...