Ensino Fenprof recusa retirar professores das escolas
20:46 - 17 de Abril de 2013 | Por Lusa
A Fenprof recusou-se esta quarta-feira a apresentar propostas ao Ministério da Educação para retirar professores das escolas, por os considerar necessários a uma escola viável, contrapondo a revisão do conceito de actividade lectiva, para eliminar os 631 horários zero.
Não iremos de forma alguma dar uma proposta ao Ministério da Educação e Ciência [MEC] sobre o que deve pôr os professores a fazer, retirando-os das escolas. Vamos antes dizer o que devem fazer dentro da escola, porque as escolas precisam de professores, disse o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, à saída da reunião com o secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, Casanova de Almeida, e o secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, João Grancho.
A reunião, que decorreu nas instalações do MEC no Palácio das Laranjeiras, teve como finalidade ouvir as propostas dos sindicatos para os professores com horário zero, e quanto aos diplomas de organização do ano lectivo e calendário escolar para 2013-2014.
No final da reunião com a Fenprof, Casanova de Almeida disse aos jornalistas que o Ministério colocou em cima da mesa, na discussão com os sindicatos, quatro instrumentos que se constituam como alternativa aos horários zero.
As propostas são o alargamento dos Quadros Zona Pedagógica, que alargam o âmbito territorial no qual um professor pode encontrar horários para leccionar, alterações a introduzir no despacho de organização do ano lectivo, leccionar nos cursos do Instituto do Emprego e Formação Profissional e a possibilidade de transferências entre a carreira de professor para os que tenham vínculo aos quadros do MEC para carreiras de técnicos superiores noutros ministérios.
Para a Fenprof eliminar os horários zero passa por reduzir o número de alunos por turma, recuperar disciplinas que foram eliminadas, voltar atrás na criação dos mega-agrupamentos, mas também por redefinir o que é actividade lectiva, defendendo que aqueles que agora estão apenas ligados a apoio escolar, a acompanhar alunos em salas de estudo ou no desporto escolar, deviam ser considerados professores com componente lectiva atribuída.
Muitos, para não dizer todos, considerados horários zero têm actividade lectiva que é esta, só que não é o clássico professor da turma. Se o MEC aceitar elaborar uma lista do que são actividades lectivas, se calhar não sobra nenhum dos 631. Primeiro vamos esgotar o que é a actividade lectiva, depois vemos se é necessário colocar alguém em mobilidade. Estamos convencidos que não, reiterou Mário Nogueira.
Para Mário Nogueira, o número de 631 professores com horário zero é absolutamente irrisório, representando menos de um professor por escola nestas condições, e que resolver o problema não precisava de nenhuma medida em especial, por parte do MEC.
São recursos que, mesmo no contexto de cortes, são mais do que necessários. A não ser que o MEC esteja a espera que a troika mande a lista de encomendas e que, depois de a receber, venha propor mais uns alunos nas turmas, mais uns giga-agrupamentos e depois, quando chegarmos a Setembro, em vez de 631 são seis mil e tal sem componente lectiva, disse.
Mário Nogueira afirmou ainda que, muito daquilo que neste momento está a criar maior apreensão aos professores, medos e angústias passa pelo que possa vir a ser imposto pelo ao MEC pelo Ministério das Finanças, em consequência das negociações com a troika, e acrescentou que a decisão por uma eventual greve dos professores aos exames nacionais também está dependente das medidas que venham a ser anunciadas.