Formação de adultos deve olhar mercado
Conselho Nacional de Educação recomenda que a oferta formativa corresponda às necessidades dos formandos, das empresas e das regiões
Por: tvi24 / PP
O Conselho Nacional de Educação recomendou ao Governo que a oferta formativa para adultos corresponda às necessidades dos formandos, das empresas e das regiões, e defendeu o «envolvimento urgente das instituições do ensino superior» neste processo.
Numa recomendação sobre políticas públicas de educação e formação de adultos, enviada ao gabinete do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, na passada sexta-feira, e à qual a Lusa teve acesso, o CNE defendeu que «devem ser adotadas medidas tendentes a promover e certificar uma nova oferta de formação emergente, com uma tipologia específica, desenhada à medida das necessidades dos adultos e/ou das empresas».
Para o CNE são os centros de formação ou certificação de competências dos adultos que devem adaptar a sua oferta às necessidades, e não os formando a adequarem a sua formação à oferta existente.
O conselho considera que deveria existir uma maior articulação entre empresas e centros de formação, de forma a satisfazer as necessidades regionais no âmbito do mercado de trabalho.
O órgão consultivo do Ministério da Educação e Ciência (MEC) entende ainda que se deve promover «o envolvimento urgente das instituições de ensino superior na educação e formação de adultos, levando-as a assumi-la como parte integrante da sua missão e a adotar mecanismos de distribuição de serviço docente e de avaliação das carreiras compatíveis com essa realidade».
Neste domínio o CNE considera, por exemplo, que seria importante recuperar os cursos superiores de horário noturno, que têm progressivamente desaparecido das universidades, e que o conselho entende que deveriam ser uma oferta destinada a adultos.
Em abril a presidente do CNE, Ana Maria Bettencourt, esteve na Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, acompanhada por outros representantes do conselho de educação, para apresentar as conclusões do relatório «Estado da Educação 2012 ¿ Autonomia e Descentralização».
Na ocasião defendeu perante os deputados que Portugal, numa altura em que o país enfrenta a mais elevada taxa de desemprego da sua história, deveria aproveitar a oportunidade e apostar na qualificação dos adultos.
«Hoje há tendência para se achar que, como há mais desemprego, então, não vale a pena estudar. É preciso convencer as pessoas de que mais qualificações é mais emprego, os estudos apontam para aí. Valia a pena apostar nas pessoas que estão em casa, desempregadas», disse no parlamento.
A Lusa contactou o MEC, mas não obteve qualquer reação às recomendações emitidas pelo CNE.
Menos formação contínua
Mas o Conselho Nacional de Educação também recomendou a redução do peso da formação contínua dos docentes para a progressão na carreira, referindo que o seu caráter de obrigatoriedade para avançar na carreira não deve ser fator predominante para procurá-la.
«Ao fazer depender a progressão na carreira da obrigatoriedade da frequência de um mínimo de horas, por ano de formação, devidamente creditado, poderemos admitir que os professores tenderão a procurar a formação porque precisam dela para avançar na carreira e não porque estejam predominantemente motivados ou orientados para o desenvolvimento pessoal e profissional», defende o Conselho Nacional de Educação (CNE).