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TÓPICO: Mais emprego para quem tem mais formação

Mais emprego para quem tem mais formação 9 anos 9 meses atrás #17094

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Quem tem poucas habilitações corre mais risco de ficar desempregado. Boas notícias, segundo a OCDE, é que o nível de escolaridade das populações aumentou no período de 2000 a 2013.
Andreia Lobo
23-01-2015



Quer tenha o ensino básico, o secundário ou o superior, o desemprego atinge todos os níveis de escolaridade. Ainda assim, o novo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que associa taxas de desemprego a níveis de habilitações, alerta que quem tem mais qualificações corre menos risco de ficar sem emprego. Os números são positivos para quem está no ensino superior: 83% dos licenciados está a trabalhar.

No entanto, em alguns países da América Latina, os jovens pouco qualificados do sexo masculino estão também a conseguir taxas de emprego que rondam os 90%. Mas são exceções, ressalva o estudo, onde se lê ainda que algumas das tradicionais diferenças de género se mantêm. As mulheres continuam a ficar mais afastadas do mercado de trabalho por “motivos familiares”. Entre os mais velhos sobem os níveis de escolaridade. E, assiste-se a uma “mudança geracional”.

Retirado do “Olhares sobre a Educação de 2014”, o documento reúne vários indicadores sobre a relação entre a escolaridade e o emprego. Os dados foram recolhidos entre os 34 países que fazem parte daquela organização. Aos quais se somam o Brasil e a Federação Russa, e outras economias parceiras como a Argentina, China, Colômbia, Índia, Indonésia, Letónia, Arábia Saudita e África do Sul. O EDUCARE.PT leu o relatório à lupa e deixa aqui algumas notas.

Adultos com mais formação
A escolaridade de uma população é um indicador das suas competências. Nas últimas décadas, a maioria dos países da OCDE conseguiu aumentar o nível de qualificações dos cidadãos. O fenómeno reflete-se, sobretudo, nas gerações mais novas. Cerca de 40% dos jovens adultos, com idades entre os 25 e os 34 anos, têm formação superior. Diferenças em relação à média persistem quando os números são vistos individualmente. Próximos estão países como o Canadá, Irlanda, Japão e Coreia. Enquanto, Áustria, República Checa, Alemanha, Itália, México, Portugal, Turquia, Brasil e Colômbia, contabilizam menos de 30% de jovens adultos licenciados.

Razões? A OCDE ressalva que estes indicadores assentam em diferenças na oferta dos sistemas educativos. Áustria, República Checa, Alemanha e República Eslovénia têm uma forte componente de ensino vocacional/profissional, ao nível do ensino secundário. O que, por um lado, resulta que 60% dos seus jovens adultos sigam esta modalidade. Por outro, faz com que poucos alunos fiquem apenas com a escolaridade básica, o equivalente ao 9.ª ano (11%, 6%, 13% e 6%, respetivamente). Assim, estes países ficam fora do grupo dos que têm mais jovens com baixas qualificações, ao contrário de Itália, México, Portugal e Turquia.

A tendência é positiva. Entre 2000 e 2013, a população entre os 25 e os 64 anos com escolaridade abaixo do ensino secundário diminuiu em 11%. E a frequência universitária aumentou em 10%. Em 2013, nos países da OCDE, um em cada três adultos (33%) tinha um grau académico. Prova que as novas gerações estão a estudar cada vez mais. Em 2000, 26% dos jovens, entre os 25 e os 34 anos, tinham frequentado o ensino superior; contra 15% dos adultos, entre os 55 e os 65 anos. Em 2013 estas percentagens mudavam: 40% dos jovens e 24% dos adultos obtêm formação superior.

A mudança geracional é visível nos restantes níveis de ensino. Em 2013, apenas 17% dos jovens da OCDE não tinham o ensino secundário, equivalente aos 10.º, 11.º e 12.º anos. Na faixa etária dos 55 aos 64 anos, a percentagem era de 34%. Apesar dos progressos, os cinco países onde existem mais adultos com baixas qualificações (Itália, México, Portugal, Espanha e Turquia) registam também a maior percentagem de jovens entre os 25 e os 34 anos com baixas qualificações. Portugal e Espanha contam mais de 30%, México e Turquia têm mais de metade dos seus jovens apenas com o 9.º ano. Só a Itália regista menos de 30%.

Secundário é nível mais comum
Cada vez há mais alunos a ingressarem no ensino superior. Apesar disso, o secundário continua a ser o nível de qualificação mais comum, entre os países da OCDE. Cerca de 44% dos adultos, entre os 25 e os 64 anos, estudou até ao 12.º ano. Acima da média estão a Áustria, a República Checa, a Alemanha, a Polónia e a República Eslovaca, com mais de 60% da população a alcançar este grau de ensino.

Outras situações merecem destaque neste relatório: apenas 24% dos jovens adultos espanhóis têm habilitações ao nível do ensino secundário, 22% entre os mais velhos. Números baixos quando comparados com os registados em outros níveis de escolaridade. No México 52% dos jovens têm habilitações abaixo do 10.º ano, sendo que apenas 23% concluíram o ensino secundário.

A OCDE recorda que, nos vários sistemas educativos, o ensino secundário divide-se em dois tipos de programas. Tal como acontece em Portugal: a via de ensino geral, equivalente à científico-humanística, e a profissional ou vocacional. A primeira prepara os alunos para seguir estudos. A segunda está mais direcionada para os alunos que querem adquirir competências para começar a trabalhar após a conclusão do secundário.

Aqui, existem diferenças substanciais entre os países da OCDE. Enquanto um em cada dois adultos frequentou um curso profissional na Áustria, República Checa, Alemanha, Hungria, República Eslovaca, em Israel, Espanha e Turquia, a proporção baixa para menos de um em cada dez.

O ensino profissional ou vocacional continua a ser uma opção mais para homens (37%) do que para mulheres (31%), nota o relatório da OCDE. Não é de estranhar que também haja mais homens com qualificações ao nível do secundário (seja geral ou profissional) do que mulheres (47% e 42%, respetivamente). A diferença entre os géneros segue a mesma tendência e atinge os 10 pontos percentuais na Austrália, Estónia, Hungria, Islândia, Eslovénia e Federação Russa. Apenas na Alemanha e na Suíça há mais mulheres do que homens a completar o ensino secundário.

No quadro geral, as taxas de emprego para os adultos (dos 25 aos 64 anos) que têm habilitações ao nível do secundário na via profissional rondam os 75%; 69%, entre os que obtêm formação na via geral (ou científico-humanística). No entanto, esta diferença pode estar apenas relacionada com o facto de os alunos da via geral, simplesmente, continuarem os estudos.

O relatório da OCDE faz ainda referência à existência dos sistemas de formação dual, que combinam a formação escolar com a prática em contexto de trabalho. Um modelo popular na Áustria, Alemanha, Luxemburgo, Holanda e Suíça. Em países com forte tradição no ensino vocacional ou profissional, como a Dinamarca, o Luxemburgo, a Letónia e as Eslovénia, as taxas de desemprego atingem percentagens mais elevadas para quem segue outras vias.

Mais acesso à universidade
Os dados recolhidos mostram uma mudança geracional: aumentou o número de jovens que ingressam na universidade. Nos países e parceiros da OCDE, os mais novos têm mais habilitações superiores do que os mais velhos. Exceção feita a Israel. Entre uns e outros distam 15 pontos percentuais, em média. Mas há extremos. Na Alemanha, a diferença entre o número de jovens (25 e os 34 anos) e de adultos (entre os 55 e os 64 anos) com habilitações superiores é apenas de 2%; na Coreia é de 50%.

De 2000 para 2013, a percentagem de jovens adultos com habilitações ao nível do ensino superior aumentou 14 pontos percentuais. Países como a Finlândia e a Alemanha registaram subidas de menos de cinco pontos percentuais; de mais de 25 pontos percentuais na Coreia, Luxemburgo e Polónia.

No que toca às diferenças de género, uma em cada duas jovens, entre os 25 e os 34 anos, tem um curso superior na Austrália, Estónia, Irlanda, Israel, Letónia, Luxemburgo, Noruega, Polónia, Suécia e Reino Unido. Entre os homens, o mesmo ratio só se repete no Japão e na Coreia.

83% dos licenciados estão a trabalhar
A escolaridade serve, frequentemente, para medir o nível de competências das populações. A OCDE insiste que as economias dependem da qualificação dos seus trabalhadores. Com a contração no mercado de trabalho, entre 2000 e 2013, as taxas de desemprego subiram em média dois pontos percentuais, atingindo pessoas de todos os níveis de escolaridade.

No entanto, os dados recolhidos mostram taxas de emprego mais altas e menos risco de desemprego para quem tem mais habilitações. Nos países da OCDE, as taxas de emprego são de 83% para os licenciados, 73% para quem tem apenas o ensino secundário, 55% para os que têm o ensino básico.

Numa outra perspetiva, o desemprego atinge apenas 5,3% das pessoas com habilitações ao nível do superior, 8% das que têm o ensino secundário e 13,7% dos que estão abaixo deste nível de ensino.

Boas notícias para os mais qualificados, conclui a OCDE: “Está confirmado que frequentar níveis de escolaridade mais altos é uma mais-valia.” Em média 13,7% dos adultos (entre os 25 e os 64 anos) com baixas habilitações estão desempregados, enquanto entre os detentores de cursos superiores apenas 5,3% estão sem emprego.

Entre os adultos que só completaram o ensino básico, os níveis mais altos de desemprego (acima dos 25%) encontram-se na República Eslovaca, na Grécia e na Espanha. Nestes dois países também as taxas de desemprego entre os licenciados são das mais elevadas da OCDE: mais de 15% estão sem emprego.

Os indicadores sobre o emprego são consistentes, diz a OCDE: há menos oportunidades para os mais velhos. A percentagem de jovens, na faixa dos 25 e os 34 anos, com o ensino secundário que estão empregados é em média 20 pontos mais alta do que a registada entre os indivíduos com idades dos 55 aos 64 anos (74% e 55%, respetivamente).

Por outro lado, o desemprego atinge com mais força os jovens (entre os 25 e os 34 anos) do que os mais velhos (entre os 55 e os 64 anos) quando considerados todos os níveis de escolaridade. Em média, nos países da OCDE, cerca de 10% dos adultos, contra 21% dos jovens sem o ensino secundário, estão desempregados. Do mesmo modo, entre os adultos que concluíram o 12.º ano o desemprego ronda os 7%, entre os jovens é de 11%. O fosso entre estes grupos de idade é menor quando a formação dos dois é de nível superior: 8% dos jovens e 4% dos adultos estão desempregados.

Outro indicador revela que há cada vez mais jovens mulheres (entre os 25 e os 34 anos) do que homens a frequentar o ensino superior, em todos os países, exceto na Holanda. Curiosamente, ou não, são também elas as mais afetadas pelo desemprego. As diferenças encontradas entre géneros podem ser explicadas pelo facto de as mulheres tradicionalmente permanecerem fora do mercado de trabalho por motivos familiares, refere a OCDE. Casos em que as mães optam por ficar em casa, sobretudo em países onde os salários são baixos e as ofertas de cuidados infantis limitadas.

Emprego para baixas habilitações
O risco de perder o emprego é também elevado, e continua a subir, entre os mais novos. Mas, em alguns países da OCDE, a taxa de emprego favorece os jovens do sexo masculino com baixas qualificações. No Brasil, México e Colômbia, 90% dos indivíduos nestas condições estão empregados. O contrário verifica-se em países como a Irlanda e a República Eslovaca, onde menos de 50% dos jovens com habilitações abaixo do secundário consegue emprego.

Entre as jovens do sexo feminino com baixas qualificações, a taxa de emprego fica abaixo dos 50%, na maioria dos países da OCDE. Ainda assim, fica acima dos 50% na Áustria, Brasil, Colômbia, Islândia, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal e Suíça. Países como a Hungria, Israel, Polónia, República Eslovaca e Turquia registam taxas de emprego feminino não qualificado inferiores a 30%.

Apesar deste cenário, o desemprego entre pessoas menos qualificadas tem vindo a aumentar anualmente de 2000 para 2013, sublinha a OCDE. Por exemplo: Grécia, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, México, Holanda e Portugal registam um crescimento anual do desemprego entre adultos com baixas habilitações de mais de 7%. Em todos estes países, exceto no México e na Islândia, estas taxas estão bem acima das médias nacionais de desemprego.

Fonte: Educare
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