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TÓPICO: Cursos formação profissional não são para entreter

Cursos formação profissional não são para entreter 9 anos 8 meses atrás #17171

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Cursos de formação profissional não são para entreter
(entrevista ao Sr.Presidente do IEFP, IP)

É advogado, foi professor e continua a gostar de explicar tudo bem. Uma, duas, três vezes se o deixarem. Faz desenhos enquanto fala mas não são meros gatafunhos. São quadros que mostra aos seus interlocutores para sublinhar o que está a dizer. Defende as políticas de emprego com unhas, dentes e argumentos. Muitos argumentos. Entusiasma-se quando fala da diminuição do desemprego mas ainda mais quando apresenta provas que essa situação é conseguida à custa do aumento do emprego.


Devido às funções que exerce o seu discurso sobre o desemprego está focado em percentagens, gráficos, políticas de incentivos. Consegue imaginar o drama de um desempregado? Tem pessoas próximas de si, amigos ou familiares desempregados?

Tenho. Tenho amigos e familiares...bastantes. Compreendo bem o que é uma situação de desemprego, se não tivesse, não teria aceite o convite para as funções que exerço.


Os gráficos e números que é obrigado a consultar e ter em conta não o afastam da realidade?

As pessoas concretas estão sempre presentes. Não passa uma semana que eu não receba no meu gabinete pessoas que não conheço de lado nenhum que pedem para falar com o presidente do IEFP. Por vezes passam por outros serviços mas acabo por as receber. Não quer dizer que vá resolver os seus problemas mas faz parte das minhas obrigações naturais falar com quem pede para falar comigo.


Há quem diga que o Estado devia ajudar mais as pessoas. Há outros que afirmam que é por causa dos apoios sociais que algumas pessoas não querem trabalhar. Qual a sua opinião?

Acho essencial a existência de um Estado regulador e moderador que dê apoio aos mais necessitados. Não podemos deixar cada um entregue à sua sorte. Mas sou adepto da liberdade versus responsabilidade.


Que papel tem o IEFP nesse Estado social?

Normalmente quando se fala do Estado Social há pessoas que falam da educação, da saúde e da segurança social. Escola Pública, Serviços Nacional de Saúde e Segurança Social. Infelizmente, muitas dessas pessoas que falam do Estado Social de manhã, por exemplo, à tarde estão a criticar as políticas activas de emprego do IEFP dizendo que servem para mascarar os números do desemprego e não vendo nelas qualquer bondade. Eu a essas pessoas digo o seguinte: ou têm razão de manhã ou têm razão de tarde. Não podem ter razão o dia inteiro porque o emprego e as medidas activas de emprego são o quarto pilar, são o pilar essencial do Estado Social de Direito.


Os cidadãos têm noção da dimensão do Sistema de Ensino, do Serviço Nacional de Saúde, da Segurança Social. Quando falamos do IEFP, estamos a falar de quê?

O IEFP é uma grande organização. Penso que todos temos consciência disso. Eu, por dever de ofício, um bocadinho mais. Mas é uma grande organização. Tem 3.200 pessoas. Tem uma dispersão pelo território nacional como nenhuma outra casa da administração portuguesa. Está em todo o território do continente. Abrange, do ponto de vista das medidas de emprego e formação profissional, números de 2014, mais de 700 mil pessoas. Gere um orçamento de mil milhões de euros. E tem uma função crucial no Estado Social de direito.


Alguma vez teve curiosidade de saber quantos desempregados existem no seu concelho de residência, que é o Cartaxo? Essa dimensão tem algum interesse?

Claro que tem. E posso-lhe dar os números do Cartaxo como de todos os outros concelhos (consulta um quadro no tablet). O Cartaxo tinha, em Dezembro de 2012, 1466 cidadãos desempregados. Em Dezembro de 2013, 1227 e em Dezembro de 2014 os cidadãos desempregados eram 1008. Nós temos assistido há vários trimestres, de há dois anos até agora, a uma descida do desemprego em todo o país. É uma tendência consolidada, objectiva, indiscutível.


Indiscutível, segundo que método de análise?

Esta realidade é mostrada por duas análises. Pelo desemprego registado, isto é, pessoas registadas no IEFP como desempregadas, e pelos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). E este é o elemento que devemos valorizar. O desemprego estatístico calculado do ponto de vista científico e metodológico com regras, entre outras, de amostragem. E este desemprego estatístico que é dado pelo INE e que por sua vez está relacionado com os dados do Eurostat (Gabinete de Estatísticas da União Europeia), mostra também esta tendência da descida do desemprego.


Diminuição do desemprego pode não significar aumento do emprego.

No nosso caso o desemprego tem vindo a diminuir porque há criação de emprego. Os dados do INE mostram isso. Já agora quero dar nota de um ponto que é verídico embora muitas vezes não seja focado. Diz o INE e neste caso dizemo-lo nós também, por referência aos contratos de trabalho que são apoiados por nós, que esse emprego está assente em contratos de trabalho por tempo indeterminado. Os dados mostram que 56 por cento do emprego cuja criação o IEFP apoia, assenta em contratos de trabalho por tempo indeterminado. São dados do último ano.


Há vários tipos de desempregados.

Temos pessoas com quarenta ou cinquenta anos, que tiveram todo um passado profissional em áreas de actividade que se tornaram residuais. Do ponto de vista das políticas activas de emprego e das lógicas de formação profissional, é completamente diferente trabalhar na reconversão profissional desses nossos concidadãos ou trabalhar com jovens desempregados, licenciados.


Uma das críticas que muitas vezes é feita ao IEFP é de propor a pessoas que sempre trabalharam numa determinada área irem fazer cursos de formação profissional em áreas completamente diferentes.

O que procuramos fazer é colocar esses nossos concidadãos em acções de formação profissional que tenham potencial de empregabilidade. Isto é, em áreas com potencial de criação de emprego. Seria muito mais fácil e porventura no curto prazo, mais agradável, pô-los em áreas de formação profissional congéneres ao que fizeram a vida inteira. Podiam estar entretidos numa coisa que sempre fizeram mas iam chegar ao fim e estavam exactamente na mesma porque não tinham apreendido novas competências.

www.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=54&...noticia#.VQsMkI6sXpI

* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.
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