Luís Todo Bom
31 de março de 2019 às 18:00
Formação de profissionais para as empresas
O grande problema da baixa produtividade das nossas empresas não é a carência de quadros qualificados, mas sim a carência de quadros profissionais, ou seja, do baixo profissionalismo da grande maioria dos quadros nacionais.
A questão que se coloca a todos os gestores empresariais é a seguinte: O nosso sistema de formação profissional forma e prepara profissionais para as empresas?
A resposta, praticamente unânime, é negativa.
E esta é uma das causas principais para a baixa produtividade da economia portuguesa.
O grande problema da baixa produtividade das nossas empresas não é a carência de quadros qualificados, mas sim a carência de quadros profissionais, ou seja, do baixo profissionalismo da grande maioria dos quadros nacionais.
Verifica-se, aliás, num grande número de empresas, que não existe uma correlação directa entre as qualificações profissionais e a produtividade dos respectivos quadros.
Aumentar a eficiência do nosso sistema de formação profissional torna-se, assim, um desígnio prioritário para o incremento da nossa produtividade e, por essa via, para o aumento da nossa competitividade externa.
O actual funcionamento da formação profissional enferma de várias fragilidades, de que se destacam:
- Ausência generalizada de provas de avaliação - teóricas e práticas, no final de cada acção de formação.
O conhecimento adquirido sem avaliação é sempre reduzido e superficial.
- Ausência de utilização prática dos conhecimentos adquiridos, e avaliados, em estágios profissionais, nas empresas.
O número de protocolos com as empresas portuguesas para esse fim, é reduzido.
- Ausência de garantia de que todos os formadores detém os conhecimentos teóricos, a formação pedagógica e a experiência profissional real para leccionarem e avaliarem adequadamente estas acções.
- Reduzida actualização dos curricula dos cursos, nomeadamente no âmbito da transformação digital.
As empresas que iniciaram o processo de digitalização do seu aparelho produtivo, não encontram, no mercado, profissionais qualificados, que lhes permita tirar pleno rendimento dos investimentos efectuados em novas tecnologias.
- Ausência de métricas de performance adequadas, analisadas com as Associações Empresariais, com processos correctivos permanentes, adequando-as à evolução das tecnologias e da inovação empresarial.
- Ausência duma interligação estreita entre o sistema de formação profissional e o sistema de ensino profissional, em particular com os Institutos politécnicos e com o ensino superior profissional de curta duração.
Como o nosso país está, neste momento, por força da conjuntura externa favorável dos últimos anos, perto da taxa natural de desemprego, começa a verificar-se uma pressão sobre o mercado de trabalho qualificado.
Se não ocorrer, simultaneamente, um aumento da produtividade, a competitividade das nossas empresas reduzir-se-á, com efeitos imediatos e mais significativos ao nível da exportação dos bens transaccionáveis.
E a partir daí, entraremos, de novo num ciclo de crescimento negativo.
O país precisa urgentemente de um IFPE - Instituto de Formação de Profissionais para as Empresas.
Que terão emprego garantido.
Acesso artigo Jornal de Negócios:
www.jornaldenegocios.pt/opiniao/colunist...?ref=DET_ultimas?out