Bom... Sabemos que o formador, para bem o ser, recorre não apenas ao seu enxoval técnico-pedagógico mas muito (e muito, e muito...) à sua energia, à sua motivação, à sua inspiração, à sua naturalidade, a tanto quanto o faça sentir-se bem consigo para poder transmitir isso ao grupo, empatizar com ele, contagiá-lo. Se deve compactuar com aquilo que lhe não parece bem? Por tais motivos, não! Agora: dizes que manténs (pode ser o "tu"?) um vínculo disciplinar com um Centro de Formação. Não terás por lá "a pessoa certa" a quem narrar o caso; alguém sensato que te possa ajudar a desembaciar as ideias (que começo a entender que possam estar turvadas, pois que o caso o parece justificar)? É que, se não, Daniela, talvez estejamos perante um daqueles casos em que só o próprio poderá decidir, sem certezas nenhumas à partida, só mesmo o esperar para ver. Bem sei que um simples "não" é o mais apetecível, mas também é verdade que a perda de uma formação não é assim tão desejável. Se crês que, mesmo condicionada, podes fazer alguma coisa por aquela gente e te apetece, arrisca; se sentes que não serás tu mesma, reflecte. Mas equaciona bem se o teu receio não será superior à ameaça. Mas segue os teus feelings... Se a coisa te cheira a esturro, pode não ser pro acaso!
Lembrei-me de outra passagem, entretanto: há uns tempos fui convidada por uma ex-professora minha para falar aos seus alunos, 20 anos (cof, cof, cof.. é verdade) de eu ter estreado, como aluna, um curso técnico-profissional naquela escola. Era suposto ser uma conversa informal, para inspirar os jovens e blá, blá, blá. Mas assim que comecei a falar, a Directora lá do tasco pôs-se com intervenções destas, ao vivo: "E diga-lhes que isto e aquilo, que é para eles o ouvirem dito por si"; "E diga-nos o que acha desta história que se passou com aquela aluna (apontando para ela); "E fale-nos disto, e sublinhe aquilo, e repita acoloutro". Ia-me saltando a tampa e quase que parava ali a conversa para lhe perguntar: - "Mas afinal fui chamada cá para dizer o que eu acho, ou para dizer o que você acha?". Felizmente contive-me, mas, pensando bem, não aguentaria coisa semelhante numa acção em que eu fosse a formadora. Donde, percebo-te bem. A razão não sei onde a coloque, mas desejo-te o melhor.
- O formador não é um papagaio, um megafone para a voz de outros, nem um pau mandado!
- Por vezes, aquilo que desconhecemos parece-nos ser mais grave do que na realidade o é!...
E eu coloquei estas duas premissazitas da treta, porque eu veria para qual me inclinaria mais!
Se avançares com isso, depois contas-nos?
Um abraço!!!