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TÓPICO: Indisciplina nos CEFs

Re: Indisciplina nos CEFs 14 anos 8 meses atrás #8467

  • reyes
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Boa noite Xana!

Concordo inteiramente consigo!

É que no meu entender posturas autoritárias não funcionam nos CEF nem nos EFA. A forma de ensinar nestes cursos não se pode valer das "armas" do ensino tradicional...sob pena de nunca conseguirmos cativar esse público e entrármos seriamente em conflito.

A regência deste cursos foge do âmbito do ensino tradicional e aposta nouta vertente...a da integração social do indíviduo!

Ora....nesse sentido temos de ir ao encontro de eles..já que eles não conseguem ou não sabem ir ao encontro do professor e do que representa estar numa sala de aula!

Vou dar um exemplo:

Lido com EFA(s)...são adultos! E...resolvi que vou oferecer um dossier a cada um para colocarem o trabalho de TIC (disciplina que dou)......porque..quase ninguém trás caderno....e custa-lhes a perceber a importância de terem as fichas e os trabalhos que vão realizando.....

Bom...faço isto porque posso e quero ...não quer dizer que os professores tenham esta obrigação...mas eles percebem..o quanto me preocupo com eles...e até as pessoas de étnia cigana que por vezes têm comportamentos particulares...mudaram completamente e colaboram nas actividades!
As aulas por vezes são confusas....porque uns avançam muito depressa e outros não...e eu sou só uma!...Mas ainda hoje lhes disse! Esta aula está uma confusão,...mas o que interessa é que no fim aprendam,,,e percebam que gosto de vocês e que me esforço para conseguir "chegar" a todos!

Faço trabalhos extra para eles..por exemplo: gravo cd (s) de música em casa...sou tolerante na aula e deixo-os por veezes irem pesquisar músicas ou receitas..enfim..tolero que se manifestem fora do conteúdo da aula...é assim que os conquisto!

São dicas..nada mais! Mas rigidez...nos EFA e CEF..acho muito difícil que funcione!

Anabela
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Re: Indisciplina nos CEFs 14 anos 8 meses atrás #8468

  • RSantos
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Cara Anabela:

Não duvide que a "rigidez" funcione, da mesma forma que eu não duvido que a pesquisa de "músicas e receitas" também funcione - são métodos, estratégias..que cada um imprime e, como em várias coisas, cada um tem o seu....

A minha assertividade leva-me a aceitar a opinião dos outros e a não duvidar.

Por outro lado, o seu contributo, vem dar vigor ao que salientei - cada caso é um caso..e método que funcione com um grupo, pode não funcionar com outros...

Para que não restem dúvidas, não sou... nem nunca fui... professor ;) e , para que estejam tranquilas, nunca bati em nenhum formando, nem nenhum me bateu a mim :) .....não confundam é "respeito" com "posturas autoritárias".

E, quando falo em "rigidez"..significa, nada de telemoveis, internet, facebook, hi's..farm's... mp3 ou afis....significa que , se as pessoas estão numa formação, tem de se dedicar de corpo e alma...porque para as "dinâmicas" estará lá o formador..e nessas, não incluo a culinária...mas hei-de experimentar!:)

Significa também isto que, depois do grupo controlado, sou o primeiro a "abrir a cancela"...e a entender que tenho ali mães que deixaram os filhos sózinhos em casa (e precisam de estar contactáveis) mas que sabem disciplinar-se no uso dos telemóveis; que tenho ali pessoas que precisam de aceder à net para tratar de vários assuntos, mas que perceberam que o podem fazer só ao intervalo...sou o primeiro a levar EFA's e afins...a passeios, a dar-lhes pequenas lembranças, chocolates...a fazer (e a pagar-lhes) almoços de grupo...hoje, sim...aqui o "autoritário" e "rigido" continua, muito tempo depois a ser convidado para os jantares de curso (não..não convidam todos os formadores..) que ministrou há muito....;)
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Indisciplina nos CEFs 14 anos 8 meses atrás #8469

  • samf
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Boa Noite!

O ano passado entrei pela 1ª vez nas lides da Educação... e o que me calhou?! Um curso CEF exclusivamente masculino... 16 alunos, com idades entre os 15 e os 19 anos...com um comportamento desviante, agressivo e acima de tudo com uma falta de educação a todos os níveis! Posso-vos que contar que no início penei imenso, porque para além de ser "caloira" a dar aulas tinha 26anos... ou seja, para eles era difícil verem-me como professora... não colaboravam e iam testando os meus limites... tinha 18 tempos lectivos semanais com eles... No início a tendência é sermos inflexíveis, mas nestes cursos inflexibilidade é uma palavra que não pode fazer parte do nosso dicionário... claro que não é deixá-los fazer tudo ao ponto de abusarem, mas sim, conquistá-los aos poucos... é um jogo de cedências!Passados 6 meses, posso dizer que foi a maior experiência da minha curta vida profissional, adorei dar-lhes aulas... a má educação inicial, em que não havia regras para nada (porque estavam assim habituados) passou a uma relação de cordialidade... não chegavam atrasados (NUNCA), avisavam quando faltavam e traziam justificação, pediam para ir ao intervalo e acima de tudo, eram cooperantes nas aulas... qual foi a minha cedência? Deixá-los sair 5 minutos mais cedo (devidamente autorizada pelo CE) para irem fumar os seus cigarritos ou irem ver as "miúdas"... e uma vez por semana guardar 10 minutos de uma aula para falarmos sobre um tema livre... que incidia quase sempre pelas preferências musicais deles... sim, porque eram adeptos de música nos seus MP3 e MP4...
Dos 16, oito ou nove continuaram os estudos... entraram para o 10º ano e metade não teve negativas no 1º Período...


Bárbara,
Depois deste valente "testamento" só quero dizer que os CEFs não são cursos fáceis porque lidamos com miúdos com falta de disciplina, educação e acima de tudo com poucos valores... Porquê? Porque são rebeldes por natureza (porque estão na idade das atitudes realizadas em massa, com excessos... na idade de afirmação perante os outros) e porque os pais não lhes sabem transmitir valores que deveriam ser adquiridos ao longo do nosso processo de aprendizagem...
A melhor maneira para os cativarmos... sermos flexíveis (Q.B.) e arranjarmos materiais didácticos que os cativem... filmes, palavras cruzadas, exemplos de jornais que possam debater... algo não muito teórico!
Concordo inteiramente com as palavras da Xana e da Reyes... comigo funcionou... não imediatamente, mas ao fim de 2 semanas ;)

Boa Sorte,
Sílvia :side:
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Re: Indisciplina nos CEFs 14 anos 8 meses atrás #8502

  • Madre
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Gostei muito do que aqui li, da Reys ao Santos (apesar de parecerem posições antagónicas, não creio que tenham de o ser sempre), e da experiência da Sílvia, etc.

Eu não sei se ainda funciona, como noutros tempos funcionava, o ver um filme, daqueles que os marque; ou se isso acaba por parecer um "pressing". Ainda assim, julgo que mesmo sob esse risco, algo lhes fica de mais forte dentro do peito, ao verem um dos grandes clássicos sobre a relação entre o professor e os grupos difíceis. O mote poderá ser o da educação no nosso país, perguntando-lhes o que acham, que críticas têm, o que fariam se mandassem, e se fossem profs, etc... É deixá-los dizer o que pretendem, gerando debate, aceitando as opiniões. Uma vez um prof. foi entrevistado na TV e perguntaram-lhe a que é que se devia o segredo do seu sucesso junto de alunos complicados; e esse respondeu - de uma forma algo simplista, aceito - "eu pergunto-lhes o que eles acham". Ora, isso é verdadeiramente importante, porque muitos deles nunca tiveram quem lhes pedisse qualquer opinião e, assim sendo, tudo lhes é imposto; e se não exercem as suas posições, também não se sentem responsabilizados. Donde, começar-se-ia por aí, e depois convidar-se-ia o grupo para assistir a um filme, sob o trato de não haver barulho nem converseio pelo meio. E depois lá vem o filme de impacto: consoante o grupo (misto de etnias, grau de agressividade, disciplina a leccionar), podemos optar por um "Dangerous Minds", com a Michelle Pfeiffer (com a vantagem de ter aquele belíssimo rap, o "Gangsta's Paradise") ou mesmo os "Escritores da Liberdade". (Freedom Writers, EUA, 2007). Haverá mais e mais modernos, mas confesso-me bastante desactualizada, e o 1º é bem jeitoso!
Depois, eles que sigam para casa, sem secas nem moralidades, sem nada mais senão pensarem sobre o filme para o poderem comentar na aula seguinte (ou, em alternativa, pedir a cada um que escreva o que o filme lhe fez concluir, pensar ou sentir). Se houver clima, pode-se aproveitar para dizer que a professora que eles têm não é a do filme, nem quer ser;, e que eles não são como os alunos do filme, nem ninguém queria que eles fossem. Apenas queremos ser nós, com respeito pela nossa pessoa e sem pôr de parte os laços de afecto, que fazem parte da vida e importam; que não são mariquice, não um privilégio, um prémio (que nem todos nos merecem, mas temos que ir sabendo escolher). Porque também é disso que se fazem pessoas felizes. Disso, e de oportunidades, de sorte de daqueles com quem nos cruzamos. E por aí fora, incluindo aqui todas as boas ideias que a colega vá colhendo de outros colegas. Se é que isto faz algum sentido, claro. São só ideias, esperando que o caos "idiota" possa parir uma estrela que dance, lembrando Nietzsche.

Se o ambiente for melhorando e eles forem aderindo, aos poucos poderemos pensar num outro desafio, como o de, a cada dia fixo da semana, eles levarem um pensamento seu (qualquer coisa vale, desde a forma como se sentem, a algo em que tenham pensado ou feito e gostassem de partilhar; seja um verso ou uma manifestação de revolta, o que for que sintam que devem escrever) que deverá ser assinado e colocado, fechado, sem mostrar a ninguém, numa caixa de cartão do tipo urna de voto. Há que lhes dizer logo que aquilo se destina a ser aberto no final do ano, que a professora depois irá passar a computador todos os contributos, as suas datas e o nome dos autores, fazendo uma complicação. E que, apesar de não haver coisas proibidas, têm que perceber que as asneiras irão ser censuradas no fim, não aparecerão. Se o professor achar por bem, pode entrar no jogo e fazer o mesmo... ou não. Isto é um bom esquema para quando se sabe que no ano seguinte vai calhar a mesma turma. E depois é preciso ir tendo a paciência de ir escrevendo as frases diariamente, para que no final não se tenha que ter todo aquele trabalhão. A uma semanita do fim das aulas, todos os alunos terão um caderninho com todos os seus contributos, aluno a aluno, e mais os votos finais do seu prof. Se possível, vamos tirando algumas fotos deles nas actividades propostas ao longo do ano, e no fim exibimo-las numa apresentação em powerpoint com música ao gosto deles, o que acaba por se tornar um momento final bastante comovente. Assim é possível que no ano seguinte eles pareçam outros, bem mais maduros e ponderados. Será mais fácil quando já é o segundo ano...

Já o caderninho com os contributos de cada qual, permitirá ao prof. perceber até que ponto houve evolução na forma se estar dos seus alunos, e é capaz de ficar surpreendido com aquilo que deles não conhecia. O mesmo entre eles se passará, provavelmente. E é também um registo que pode ser mostrado no Conselho Directivo em eventuais circunstâncias particulares.

É só o que me ocorre.

Muito boa sorte!!! :-)
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Re: Indisciplina nos CEFs 14 anos 8 meses atrás #8530

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Ressalva: quando disse "fazendo uma complicação" queria dizer "fazendo uma compilação" (lol)
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Re: Indisciplina nos CEFs 14 anos 8 meses atrás #8550

  • RSantos
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Atenção que isto não é nenhuma batalha Reyes -Santos:) ..tão só posturas, métodos e, fundamentalmente, experiências diferentes.

Já alguém aqui disse que o s CEF's são frequentados por pessoas agressivas, com falta de educação, comportamentos desviantes...mais uma vez...alerto para o perigo das generalizações, com tudo o que isso arrasta...

É certo que a minha experiência em CEF's é mais reduzida que noutras áreas e faixas etárias, mas o que posso partilhar é que as pessoas que tenho tido são tudo menos isso!
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