Boa noite ao Pedro Melo e a todos quantos já tiveram a amabilidade de lhe responder. De facto a actividade de formador pouco ou quase nada tem que a proteja e é evidente que a aactividade de trabalhador independente, ou como aqui está a ser tratada a de formador externo pode ter esta grande desvantagem.
De facto, um formador nunca deveria ser apenas formador, i.é., não fazer dessa actividade a sua profissão principal, os anos tb me ensinaram isso e não creio que por isso perdi qualidades, nem técnicas nem pedagógicas como formador. Mas, nem sempre é assim... Anos houve em que o part-time de formador dava para ganhar uns "cobres" extra e por qualquer preço se fazia um curso ou um módulo de um curso para que nos convidassem. Muitas das vezes mal preparados (por falta de tempo) lá ia o formador dizer umas coisas sobre um manual que já existia e era fornecido pela entidade formadora. Felismente penso que isso tem vindo a acabar nos ultimos anos. É claro que esses formadores se podiam dar ao "luxo" de recebar passados muitos meses, ou até anos (como eu), pois tinham as despesas asseguradas por outra fonte de rendimento e pouco se importavam. Também com medo de perder o contacto e pensando que se ñ fosse ele viria outro formador que aceitasse e portanto "antes para mim que para outro".
Foram criadas muitas associações de formadores, com os grandes objectivos de defender os interesses da classe, mas mais não foram do que novas empresas criadas por "testas de ferro" de entidades formadoras fazendo aumentar assim a possibilidade de aprovação de candidaturas que obviamente aumentar os ganhos destas entidades formadora que se encontra por trás desse projecto e o lá bem pensado projecto de defesa dos formadores fica muito bem explicito nos estatutos da mesma quando esta foi constituida e não passa disso.
Sou formador desde 1992, passei por todos os QCA de apoio e como já disse já estive dois anos à espera de pagamento.
Exerço fumções de coordenador e de gestor de formação numa entidade formadora e o que se passa com a maioria dos formadores é que não conhecem o processo por trás, ou seja, não conhecem a legislação de candidaturas, nomeadamente quanto a prazos, pedidos de reembolso e de saldo e não têm consciencia dos atrasos que os respectivos programas de financiamento chegam a ter nos pagamentos às entidades formadoras.
Mas meus caros, sejamos pragmáticos:
1º Pedro, tem contrato de formação? (Contrato de prestação de serviços - modelo do FSE?)
2º A formação é financiada ou não financiada?
3º Trata-se de poucas horas ou acção isolada ou é de caracter continuado?
4º Está a ser bem pago ou já acordaram um valor consigo abaixo da tabela?
5º Interessa-lhe continuar a colaborar com essa entidade ou não?
Depois de reflectir sobre tudo isto resta-lhe realmente avançar judicialmente. Se a formação ainda está a decorrer defina um prazo para a abandonar caso não lhe paguem até lá e denuncie a situação ao gabinete gestor do programa de financiamento caso seja financiada, claro está.
Se a formação já terminou tenha em conta a coerencia das justificações que lhe dão na empresa para ainda não lhe terem pago. Ultimamente tem havido de facto muitos atrasos nos adiantamentos e nos saldos finais, porque muitos dos programas de financiamento não têm dinheiro. Se achar que deve seguir adiante, fale com um advogado e ele trata-lhe disso, mas sempre denunciando ao gestor do programa. Tente saber se os formandos já receberam, uma vez que segundo a legislação não pode haver dividas a formandos. Tenha a sensibilidade para saber ou descobrir se o projecto de formação onde se insere esse curso ou unidade modular que ministrou já terminou ou se a empresa continua a fazer mais cursos. Isso é relevante para finalizar pagamentos e fechar contas desse projecto. Se precisar de mais alguma dica contacte-me directamente.
E meus caros colegas, querermo-nos defender e perguntar se a empresa é daqui, dali ou dacolá, de nada adianta. As entidades formadores migram para todas as regiões do país, principalmente para aquelas onde há para distribuir a maior fatia de dinheiro para cada projecto de formação. Eu sou do Norte, mais concretamente do Porto. Sabiam que em épocas em que há formação financiada a região do Porto tem a maior concentração de entidades formadores do país? Porque será? e quando não há dinheiro lá se vão elas...
Adiantaria sim, e já que ninguém faz nada por nós, deixarmo-nos de pruridos e identificar essas empresas pelos nomes, denunciando-as publicamente. Aconselho-vos contudo a indagarem todos os esforços antes de o fazer e de não se precipitarem e virem à praça pública difamar e caloniar as empresas que vos dão trabalho. O que vos posso dizer é que a actividade da formação por vezes dá muitas dores de cabeça em termos financeiros...
Votos de bom trabalho e de muitos sucessos formativos a todos.
hm.consultores@vodafone.pt